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A incrível experiência cubana com o diabetes

Cientistas estudam os efeitos de crises econômicas no diabetes e na saúde geral da ilha, chegando a conclusões impressionantes.

rua de cuba diabetes

Um grupo de cientistas espanhóis, cubanos e norte-americanos publicou um novo estudo na revista British Medical Journal no qual conclui que, se a população de uma país perder apenas alguns poucos quilos, os ganhos na saúde de toda a nação podem ser imensos. De acordo com o estudo, é possível reduzir o número de mortes decorrentes de complicações do diabetes pela metade e diminuir em um terço a morte por problemas cardiovasculares registrados em um país caso haja uma perda média de 5kg por pessoa, ao longo de um período de cinco anos.

As conclusões vieram de uma análise inédita e bastante curiosa, cuja história merece ser contada.

 

A RELAÇÃO ENTRE A ECONOMIA DE CUBA E O DIABETES

Após as revoluções políticas dos anos 1950, a ilha de Cuba, no Caribe, nunca apresentou uma economia pujante, sempre dependendo de auxílio externo a fim de fechar as contas em dia. Antigamente, a grande fornecedora de dinheiro e bens de consumo para Cuba era a sua parceira União Soviética. Porém, com o fim do estado soviético no início dos anos de 1990, esta ajuda internacional cessou. Cuba, então, passou por uma das maiores crises econômicas de sua história.

Esta crise econômica atingiu o pico entre os anos de 1991 e 1995. A ilha comandada pelos irmãos Castro passou por tantas penúrias sem a ajuda externa que a falta de comida e de combustível era regra. Por isso, boa parte da população perdeu muito peso durante estes anos.

O grupo multinacional de cientistas aproveitou os dados deste período histórico para conduzir um experimento natural. Eles analisaram os índices de mortalidade por diabetes, doenças cardíacas e câncer, além de estudarem as taxas de diabetes tipo 2 na população, durante os anos de 1980 a 2010.

CRISE ECONÔMICA = FOME = MENOS DIABETES

As conclusões do estudo mostram um padrão facilmente correlacionável com a economia de Cuba. Durante os piores anos da crise econômica – isto é, a primeira parte da década de 1990 -, a incidência de diabetes caiu, assim como o peso médio da população, que ficou 5.5kg mais magra.

Em 1996, cinco anos depois do início do período “magro” de Cuba, o número de mortes decorrentes do diabetes diminuiu drasticamente, da mesma maneira que aconteceu com a quantidade de mortes por doenças cardiovasculares (as quais possuem uma relação bem compreendida com o diabetes).

Em outras palavras, os pesquisadores conseguiram correlacionar a perda de peso da população no geral com melhoras em vários indicadores de saúde, incluindo o número de diabéticos no país. O que aconteceu, então, com estes índices quando a economia voltou a melhorar?

 

SEM CRISE = COMILANÇA = MAIS DIABETES?

Quando a economia voltou a melhorar, no final dos anos 90, todas as boas notícias na área da saúde acabaram. A tendência de queda no número de mortes por diabetes e doenças cardiovasculares parou. De fato, a taxa de mortalidade por diabetes voltou rapidamente ao patamar pré-crise econômica, e subiu mais 49% durante os anos de 2002 a 2010. Uma explicação apresentada é que, com maior disponibilidade de comida e de combustível, as pessoas passaram a ingerir mais calorias e a praticar menos atividades físicas, o que levou a mais casos de diabetes, doenças no coração e derrames.

A conclusão final tirada pelos cientistas é que o “experimento cubano”, como eles denominaram este estudo, mostra os potenciais benefícios de se reverter a tendência global de aumento no número de pessoas obesas e acima do peso. Se todos ficassem um pouquinho mais magros, os custos de saúde no mundo inteiro poderiam cair drasticamente, ao mesmo tempo em que a qualidade de vida da população aumentaria sobremaneira.

 

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