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Remissão do diabetes tipo 2 é uma realidade cada vez mais frequente, afirmam entidades médicas

Entenda o que é a "remissão" do diabetes tipo 2, por que ela tem acontecido cada vez mais e qual a diferença para a "cura" da doença.

Um dos termos mais procurados junto com “diabetes” é “cura“. Afinal, apesar dos inúmeros avanços médicos e tecnológicos no tratamento do diabetes tipo 1 e tipo 2, a doença ainda é considerada “crônica”, isto é, persistente e sem uma cura definida. Mas isso não significa que uma pessoa não possa estar “livre” do diabetes, uma vez diagnosticada.

O fenômeno da remissão do diabetes tipo 2 já é documentado há bastante tempo na literatura médica. O que seria esta “remissão”? Trata-se de um retorno à glicemia normal após o diagnóstico do diabetes tipo 2. Isto é: a pessoa estava com a glicemia alta e, devido a algum fator (que já discutiremos em detalhes adiante), eventualmente essa glicemia alta baixou para patamares mais saudáveis, patamares que são mantidos ao longo do tempo sem necessidade de uso de medicamentos, fazendo com que o status de “diabético” possa ser anulado.

No último mês, quatro importantes grupos médicos de estudo e promoção de políticas públicas sobre diabetes publicaram um consenso no qual padronizam a terminologia, a definição e a avaliação da remissão do diabetes tipo 2.

 

REMISSÃO: A IMPORTÂNCIA DO NOME CORRETO

Os grupos envolvidos no documento são a American Diabetes Association, a Endocrine Society, a European Association for the Study of Diabetes e a Diabetes UK. São alguns dos mais importantes e relevantes grupos médicos do mundo quando o assunto é diabetes.

Segundo os autores, a maior razão para o aumento no número de casos de remissão é que os medicamentos atuais são muito bons e eficientes.

O documento publicado, de certa forma, é mera formalidade médica, mas que abre espaço para discussões interessantes. Há muitos termos e expressões diferentes sendo utilizadas para se referir a um mesmo evento: o ‘retorno’ à glicemia normal em pessoa anteriormente diagnosticadas com diabetes tipo 2. Às vezes isso é chamado de “remissão”, outras de “cura” ou “reversão”. Alguns médicos preferem usar a palavra “resolução”, ou termos compostos e ambíguos como “remissão parcial”, “remissão prolongada” e similares. Como na Ciência nunca é interessante chamar uma coisa por vários nomes, o consenso busca padronizar o uso do termo “remissão do diabetes” para esses casos.

 

O QUE PROVOCA A REMISSÃO DO DIABETES TIPO 2?

De acordo com os autores do documento (médicos com vasta experiência no tratamento de pessoas com diabetes), existem três maneiras principais de se alcançar a remissão do diabetes tipo 2:

 

Ainda segundo os autores, possivelmente a maior razão para o aumento no número de casos de remissão é que os medicamentos atuais são muito bons e eficientes. Usados da maneira correta, eles podem gerar um controle de longo prazo na glicemia, que independe de novas doses desses medicamentos. Ou seja, a “remissão” é alcançada e a pessoa pode parar de tomar remédios (obviamente, após ampla análise e avaliação médica) e, ainda assim, manter a glicemia em níveis adequados.

DEFINIÇÃO DA REMISSÃO DO DIABETES TIPO 2

O consenso define a remissão do diabetes como exame de hemoglobina glicada resultando em <6,5%, realizado pelo menos 03 meses após a suspensão da terapia hipoglicemiante.

Em outras palavras: se, após orientação médica, a pessoa que estava com DM2 deixar de tomar os medicamentos para baixar a glicemia e mesmo assim, três meses depois dessa parada, a glicemia estiver em níveis bons, pode-se considerar que houve remissão do diabetes tipo 2.

Para casos em que o exame de HbA1c (hemoglobina glicada) não for confiável, pode-se considerar os seguintes parâmetros como condizentes com a remissão:

  • Glicemia de jejum <126mg/dL;
  • Hemoglobina glicada estimada <6,5%, baseada em cálculos a partir do monitoramento contínuo da glicemia.

 

POR QUE NÃO FALAR EM “CURA”?

Médicos e cientistas são cautelosos com as palavras que usam – e por bons motivos. Os termos devem ser precisos e informativos, sem abrir margens a interpretações. A escolha pelo termo “remissão” e não por algo mais impactante, como “cura“, segue esta tendência.

Pode-se pensar que, afinal de contas, se a glicemia “voltou ao normal” nos casos descritos acima, então consequentemente o diabetes foi “curado”. Mas isso não é verdade. Os autores do artigo reforçam uma mensagem importante: por enquanto, diabetes não tem cura. Mesmo nos casos em que a glicemia ficou estabilizada em valores normais após a suspensão do uso de medicamentos, ainda pode haver problemas internos indicadores do diabetes. Por exemplo, mesmo nos casos de remissão, pode haver considerável resistência à insulina, ou então as células beta do pâncreas podem não estar funcionando em total normalidade. Isso exige cuidado e acompanhamento constante.

Conforme o documento sugere, dados os avanços da Medicina e dos medicamentos, cada vez mais veremos casos de pessoas que tiveram o diabetes tipo 2 controlado e que não necessitam mais de medicamentos para acertar a glicemia. Esses casos, contudo, precisam claramente ser classificados como “remissão”, evitando, assim, o uso de termos que podem abrir margens a interpretações errôneas (como “cura”).

Os casos de remissão de diabetes são exclusivos para diabetes tipo 2. Entenda o porquê lendo nosso resumo sobre diabetes tipo 1 aqui.

 

A REMISSÃO SE MANTÉM?

Uma das dúvidas que os médicos pretendem resolver é se os casos de remissão “duram bastante tempo”. Ainda há poucas informações na literatura médica para se tirar conclusões.

Por isso, a partir das novas definições do que é remissão do diabetes tipo 2, os autores do consenso sugerem pesquisas e acompanhamento dos pacientes, a fim de se compreender melhor como funciona o fenômeno da remissão no médio e longo prazo.

Acompanhamento anual de hemoglobina glicada e de fatores de risco relacionados ao diabetes – como exames de retina, de função renal, de complicações cardiovasculares e do pé diabético – deve ser realizado, sem falta.

 

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO

Será que é possível “vencer” o diabetes tipo 2 via medicamentos e orientações médicas e manter a glicemia equilibrada por vários anos? Ou será que o efeito da remissão é passageiro para algumas pessoas, e a glicemia volta subir depois de algum tempo? Tendo, agora, os parâmetros definidos sobre o que exatamente é a remissão do diabetes tipo 2, estudos em busca de respostas a estas importantes perguntas poderão começar a ser feitos.

 

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