Home Ciência Manter-se “apenas gordinho” é pior do que ser obeso

Manter-se “apenas gordinho” é pior do que ser obeso

Estudo surpreende ao mostrar que pessoas que se mantêm acima do peso (mas abaixo dos limites da obesidade) têm riscos maiores de desenvolver diabetes tipo 2.

Quem tem mais chances de desenvolver diabetes tipo 2? Uma noção bastante comum é que pessoas acima do peso ou obesas correm riscos maiores de ter a doença no futuro. Porém, um estudo científico publicado na edição de fevereiro da revista PLOS Medicine traz resultados provocadores. De acordo com os autores, quem se mantém consistentemente acima do peso adequado ao longo dos anos é que corre os maiores riscos de desenvolver diabetes – riscos estes muito maiores do que o das pessoas obesas, por exemplo.

Vale notar: uma pessoa está “acima do peso” se tiver o Índice de Massa Corporal (IMC) entre 25 e 30. A “obesidade” é relacionada a um IMC acima de 30.

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O trabalho acompanhou a saúde de um grupo de 6705 voluntários ingleses durante os últimos 20 anos. Durante este período, cerca de 10% deles desenvolveu diabetes tipo 2. Este grupo de pacientes foi dividido pelos pesquisadores em 3 categorias:

  1. Pessoas que sempre foram acima do peso (porém não obesas), desde o início do estudo, e que não ganharam ou perderam muito peso neste período;
  2. Pessoas que sempre foram obesas e mantiveram-se assim até o final do estudo;
  3. Pessoas que ganharam peso ao longo dos anos.

Seguindo o que já se sabia sobre diabetes e sobrepeso, era de se supor que a grande maioria dos voluntários que desenvolveram diabetes fazia parte do grupo 2, ou seja, daqueles que sempre foram obeso. Não foi isto que os cientistas encontraram.

Para grande surpresa, 94% dos novos diabéticos era do grupo 1 – o de pessoas que mantiveram-se com sobrepeso ao longo dos anos. 4% deles era do grupo 2, e apenas 2% do primeiro grupo.

“Estes resultados sugerem que estratégias focadas em pequenas reduções de peso para toda a população podem ser mais benéficas do que focar predominantemente na redução de peso de indivíduos com altas chances [de desenvolver diabetes, como pessoas obesas]”, escreveram os autores do estudo.

Os cientistas alertam que a principal lição apreendida do trabalho é que “o desenvolvimento do diabetes é um processo complicado“. Algumas “anomalias” apareceram nos resultados. Por exemplo, a resistência a insulina (um dos maiores fatores de risco para o diabetes tipo 2) surgiu apenas entre as pessoas que ganharam peso ao longo dos anos (grupo 3). Os autores alertam que o conjunto de voluntários utilizado no trabalho era racialmente homogêneo, e que novos estudos devem ser feitos com uma amostragem mais diversa para que se possa chegar a conclusões ainda mais confiáveis.

Para finalizar, é sempre bom alertar: apesar deste estudo sugerir que a obesidade não é um fator tão importante no desenvolvimento do diabetes, é fato mais do que comprovado que ela diminui consideravelmente a expectativa de vida e qualidade da saúde, trazendo consigo diversos problemas sérios de saúde.

 

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