Home Mães & Filhos Gravidez, obesidade, diabetes: os tétricos efeitos de se seguir orientações médicas nos anos 50

Gravidez, obesidade, diabetes: os tétricos efeitos de se seguir orientações médicas nos anos 50

Bebês dos anos 50 e 60 somente são adultos saudáveis hoje se suas mães fizeram exatamente o contrário do que seus médicos ensinaram

Melinda Sothern, 55 anos, faz das tripas coração a fim de manter seus 58kg, possui um irmão diabético e uma irmã obesa. E tem uma teoria. A pesquisadora da Louisiana State University, expert em nutrição e fitness, acredita ter encontrado os culpados pelos problemas de peso e saúde de sua família: os obstetras que acompanharam a gravidez da sua mãe.

Conforme avançam as pesquisas acerca do desenvolvimento fetal e as influências do ambiente uterino no metabolismo futuro do bebê, mais se prova que o que se considerava conduta comum na década de 50, aconselhada pelos médicos da época a toda gestante, era, na verdade, uma receita desastrosa para se ter adultos doentes e gordos. Tanto que os últimos trabalhos da doutora Sothern traçam paralelos entre estes idos tempos e a explosão da epidemia de obesidade nos EUA a partir da década de 80, justamente quando os bebês de sessenta anos atrás passavam para a idade adulta. “Foram os diabólicos anos 50. Uma receita perfeita para obesidade”, clama Melinda.

O estado de saúde das mães impacta significativamente o futuro de seus bebês

A pesquisadora batizou sua teoria de “trindade da obesidade”. Nas décadas de 50 e 60, era usual indicar às mulheres que ganhassem quanto menos peso possível fosse durante a gravidez, de preferência cerca de 5kg. Fumar também não era mal visto pela comunidade acadêmica – a mãe de Melinda foi aconselhada pelo médico a fumar um maço de cigarros por dia, uma boa maneira de se perder peso, segundo ele. Para completar a tríade de péssimas idéias, amamentar naturalmente os filhos não estava em voga à época, sendo substituída pelos novíssimos leites engarrafados.

As conseqüências destas três ações foram catastróficas. A nutrição inadequada das gestantes pode ter programado seus bebês a compensarem os déficits energéticos durante a infância – o que resulta em riscos maiores de serem crianças – e adultos – obesos. A nicotina atrapalha mecanismos no corpo que controlam o apetite, taxa metabólica e acúmulo de gordura – grávidas fumantes, portanto, têm mais chances de ganhar prole acima do peso. Como se não pudesse piorar, bebês que são nutridos com alimentos artificiais são mais propensos a ser acima do peso. Fechando o véu de desgraça, amamentar naturalmente os filhos é um ótimo meio anticoncepcional; não realizar o ato propicia gestações próximas uma a outra, e é sabido que bebês nascidos em curto espaço de tempo após o irmão mais velho têm probabilidade maior de serem mal nutridos no útero e querer compensar durante a infância essa falta de comida.

A tríade maléfica facilita a aparição, portanto, de adultos obesos. Seus efeitos lúridos, perversamente, passam às gerações seguintes. Mães obesas usualmente parem bebês grandes, o que já é o começo de um futuro acima do peso. Além do mais, esses bebês são menos sensíveis a estímulos de saciedade e à insulina – o que já é o começo de um futuro diabético. Sem contar que gestantes diabéticas são mais susceptíveis a terem filhos também diabéticos. Não à toa houve a explosão de obesos e diabéticos nos anos 80, de acordo com Melinda.

Fugir da trindade é fácil. Felizmente, hoje em dia as indicações obstetrícias são muito mais sensatas. É fortemente indicado às mães que amamentem seus filhos pelo menos até os seis meses, e enfaticamente contra-indicado o fumo, tanto ativo quanto passivo. As crianças devem ser estimuladas desde cedo a seguirem uma dieta regrada e a praticarem atividades físicas. Além disso, “mulheres significativamente acima do peso não devem ter bebês. Mulheres devem ser fisicamente ativas e ter uma dieta saudável por pelo menos um ano antes de engravidarem”, aconselha  Sothern. “Eu acho que podemos “desprogramar” (a trindade da obesidade), mas devemos ser bastante agressivos quanto a isso”.

Mais detalhes sobre a doutora Melinda Sothern, suas pesquisas, teorias e conclusões podem ser encontrados nesta matéria (em inglês).

Imagem: zole4/FreeDigitalPhotos.net

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