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Como a insulina interage com o nosso corpo

No dia do “aniversário da insulina”, uma descoberta agita o mundo científico: finalmente foi compreendido como a insulina se liga às células do corpo. As implicações da pesquisa são gigantescas.

O dia 11 de janeiro é especial para os diabéticos. Nesta data, em 1922, a insulina foi utilizada pela primeira vez no tratamento da doença em humanos. Para comemorar este dia especial, o Diabeticool traz uma novidade científica empolgante, uma descoberta que promete rever a maneira como utilizamos a insulina no controle da glicemia.

A equipe responsável pela descoberta, composta pelo professor Mike Lawrence, Mai Margetts e pelos doutores Geoffrey Kong e John Menting.
A equipe responsável pela descoberta, composta pelo professor Mike Lawrence, Mai Margetts e pelos doutores Geoffrey Kong e John Menting.

Em artigo publicado ontem no respeitadíssimo jornal científico Nature, uma equipe de cientistas do Walter and Eliza Hall Institute anunciou que descobriu como ocorre a “comunicação” entre a insulina e as células do corpo. A saber, as nossas células somente conseguem captar o açúcar que corre no sangue através do intermédio da insulina. Apenas quando a insulina se liga a receptores específicos na superfície destas células é que o açúcar pode passar do sangue para elas.

 

Há mais de 20 anos, cientistas tentam entender como funciona esta ligação entre a insulina e os receptores nas células.O mistério, agora, foi desvendado.

 

O que isto significa na prática?

Não saber exatamente como a insulina se liga a seus receptores sempre limitou a criação de novos tipos de insulina, com propriedades mais práticas e rápidas. O professor Mike Lawrence, um dos líderes do projeto, explica: “A insulina controla quando e como a glicose é utilizada no corpo humano. O receptor de insulina é uma proteína grande presente na superfície das células à qual o hormônio insulina se liga. A geração de novos tipos de insulina esteve limitado pela nossa incapacidade de ver como a insulina se encaixa em seu receptor no corpo.”

Entender como a insulina reage com seu receptor é fundamental para o desenvolvimento de novas insulinas para o tratamento do diabetes“, completou o pesquisador. “Até então, nós não tínhamos sido capazes de observar como estas moléculas interagem com as células. Nós podemos agora explorar este conhecimento para criar novas medicações de insulina com propriedades melhoradas, o que é muito empolgante.”

 

O “aperto de mão” microscópico

A imagem logo abaixo exemplifica o que já se sabia sobre o funcionamento da insulina no corpo humano. O pequeno hormônio corre livremente pelo sangue e faz o seu efeito sobre a glicemia ao entrar em contato com os receptores presentes na superfície celular. Uma vez unidos, abrem-se poros na superfície das células que permitem a passagem de glicose para dentro delas, o que diminui a glicemia sangüínea.

Agora a novidade. Os cientistas descobriram, com detalhes, como ocorre a interação insulina-receptor, ou seja, quais partes das moléculas entram em contato com quais partes e as relações atômicas entre elas. Isto quer dizer que, no futuro próximo, novos tipos de insulina poderão ser fabricados tendo ênfase nestas regiões de interação, aumentando, assim, sua efetividade. “Nós descobrimos que o hormônio insulina se acopla a seu receptor de uma maneira muito inusitada”, disse o professor Lawrence. “Tanto a insulina quanto seu receptor passam por rearranjos conforme interagem: um pedaço da insulina se desdobra e pedaços-chave dentro do receptor se movem para entrar em contato com a insulina. Você pode chamar isso de “aperto de mão molecular”.”

O dr. Lawrence explica sua descoberta: o modelo em amarelo e vermelho representa o receptor de insulina; em sua mão, uma molécula de insulina próxima ao local de interação.

 

O uso da insulina no futuro

Como estas descobertas vão ajudar os diabéticos no futuro? Lawrence traça um panorama animador, que inclui um possível fim das temíveis injeções.

“A insulina é o principal tratamento para os diabéticos, tanto os do tipo 1 quanto diabéticos tipo 2, mas há muitas maneiras através das quais suas propriedades poderiam ser melhoradas. Esta descoberta pode potencialmente levar a novos tipos de insulina que podem ser aplicados de outras maneiras além da injeção, ou a uma insulina que tenha propriedades aperfeiçoadas ou atividade mais longa, assim não precisaria ser tomada com tanta freqüência. Ela também pode ter ramificações no tratamento do diabetes em países em desenvolvimento, através da criação de uma insulina que seja mais estável e menos passível de degradar quando não for estocada em local frio – um ângulo sendo estudado por nossos colaboradores. Nossas descobertas são uma nova plataforma para o desenvolvimento destes tipos de medicação.”, afirmou o cientista.

Um vídeo com o professor Mike Lawrence falando sobre a descoberta (em inglês) e explicando seus pormenores pode ser visto no link a seguir:

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