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População tem 10% de chance de ter diabetes

Pesquisa feita com 1.103 brasileiros, entre 16 e 70 anos, de todas as classes sociais e regiões do País aponta que 10% da população têm risco de desenvolver diabetes. No Grande ABC, esse número corresponde a 250 mil pessoas. Já no País, a parcela equivale a 19 milhões. O estudo, intitulado Conhecimento do Diabetes no Brasil e promovido em julho de 2012, foi realizado pelo Instituto de Pesquisa Ipsos em parceria com o laboratório Novo Nordisk, líder mundial no tratamento da doença.

Embora essa parcela de indivíduos tenha predisposição para desencadear a enfermidade, 73% consideram nada ou pouco provável se tornarem diabético; 60% não sabem que estão em risco e somente 3% acham extremamente possível desenvolver a doença.

“O objetivo da pesquisa é saber a opinião pública e entender por que as pessoa que não têm diabetes, mesmo apresentando características de risco, se consideram imunes a ela”, observa o endocrinologista e presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, Balduíno Tschiedel.

Esse pensamento certamente faz com que as pessoas não procurem um médico e, consequentemente, não tratem a doença por também não associarem à obesidade. O levantamento mostra que 42% dos obesos entrevistados acreditam estar um pouco acima do peso; já 6% deles consideram estar no peso correto. Em relação às pessoas que apresentam excesso de peso, 31% afirmaram estar no peso correto e 3% alegaram estar até um pouco abaixo do que deveria pesar.

“Avaliamos a percepção das pessoas em relação a alguns fatores de risco que elas apresentavam. O que se percebeu foi que esses indivíduos não conseguem enxergar que podem ser tornar vítimas da doença. Isso mostra a necessidade de informação”, analisa o diretor do Instituto Ipsos, Paulo Cidade.

A pesquisa agrupou também fatores de risco como idade (acima dos 45 anos), obesidade ou excesso de peso, ausência de atividade física, alimentação inadequada, hipertensão, alto nível de glicose e familiar próximo com diabetes. Os 10% analisados com predisposição à doença se encaixam em vários ou em todos os fatores. No entanto, características isoladas também apresentam risco. A principal delas é o excesso de peso.

“Oitenta por cento dos portadores de diabetes do tipo 2 têm sobrepeso ou obesidade. A relação é direta. Tanto que as crianças, que costumavam desenvolver a doença apenas do tipo 1, já manifestam a diabetes tipo 2. Hoje, 33% das crianças brasileiras de 5 a 9 anos estão obesas”, associa Tschiedel.

 

CAUSA

A diabetes é uma doença caracterizada pelo acúmulo de açúcar no sangue devido à falta total ou parcial da insulina, hormônio produzido pelo pâncreas. A insulina tem a função de quebrar as moléculas de açúcar no sangue e transportá-las para dentro das células para que estas tenham energia e funcionem perfeitamente. Portanto, quando não há insulina a célula morre.

A falta do hormônio pode ter causas diferentes. A primeira delas, a diabetes tipo 1 ocorre porque o próprio organismo ataca as células que produzem insulina, levando o pâncreas a produzir pouco ou nada do hormônio. A doença ocorre mais em crianças e adolescentes e exige a aplicação diária de injeções de insulina.

Já a diabetes tipo 2 é desenvolvida porque a insulina não consegue adentrar as células. Esse tipo corresponde a 90% dos casos e atinge, em sua maioria, adultos com mais de 40 anos, obesos, indivíduos sedentários e com maus hábitos alimentares. Em grande parte dos casos a medicação é feita por via oral. Indivíduos com excesso de peso são os mais propensos, pois a gordura dificulta ainda mais a entrada de insulina na célula.

 

PREVENÇÃO

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, Balduíno Tschiedel, em uma pesquisa chamada Programa de Prevenção de Diabetes, realizada em vários centros do mundo, o exercício físico mostrou ser essencial. “As pessoas que mudaram o estilo de vida apresentaram melhores resultados no controle metabólico. Mais do que aquelas que só receberam medicação”, relaciona.

Para o especialista, o acompanhamento com nutricionista aliado a 30 minutos de atividade física de média intensidade em cinco dias da semana já são suficientes para mudar o perfil do diabético. “O ponto mais importante é a mudança comportamental”, destaca.

Sem tratamento, diabetes evolui a coma.

Do ponto de vista da professora de Endocrinologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Maria Angela Vaccarelli Marino , a população não está preocupada em ficar doente, por isso continua com hábitos errados. Porém, a falta de acompanhamento médico e principalmente a ausência de medicação podem custar a vida do paciente.

Uma das complicações agudas mais comuns da diabetes não é o excesso de açúcar no sangue, mas sim a falta dele. “Isso acontece principalmente na doença do tipo 1. A hipoglicemia ocorre quando a pessoa injeta insulina demais ou aplica a medicação sem ter comido nada e praticado exercício. Quando o paciente não se alimenta, não há açúcar para ser quebrado. Dessa forma a glicose é reduzida a tal ponto que pode levar à convulsão, ao coma e até à morte”, alerta Maria Ângela. “Para funcionar, o cérebro necessita de açúcar e oxigênio”, completa.

O outro agravamento ocorre quando o paciente não se medica adequadamente e apresenta alto índice de glicose no sangue. “No tipo 1 esse problema pode levar ao coma por cetoacidose, já no tipo 2 a complicação é o coma hiperosmolar. Ambos ocorrem por desidratação. Se não forem tratados,podem levar à morte”, alerta Maria Angela.

Já os problemas crônicos envolvem cegueira, lesão renal e doenças dos nervos periféricos. O jornalista Márcio Calafiori, 56 anos, só começou a levar a doença a sério depois de apresentar todas essas complicações. “Eu era diabético do tipo 2, mas por não me cuidar virei portador do tipo 1. Metade do meu pé direito precisou ser amputado e também tive que fazer cirurgia nos dois olhos por causa de catarata diabética”.

Por dez vezes, o jornalista teve hipoglicemia. “Entrei em pré-coma dez vezes enquanto dormia. Na última delas, em 2006, fui socorrido e acordei no hospital”, recorda.

Fonte: Diário do Grande ABC

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