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Quando o estudo sai pela culatra

Pesquisa norte americana queria provar que perder peso diminuiria as chances de diabéticos tipo 2 sofrerem problemas cardíacos. Uma década depois, os resultados mostram uma história muito diferente!

O governo dos Estados Unidos, através do seu Departamento da Saúde, lançou há mais de dez anos um projeto, intitulado Look AHEAD (Action for Help in Diabetes). O objetivo era simples: provar que pessoas com diabetes tipo 2 e acima do peso, quando submetidas a tratamentos intensivos de perda de peso e aumento da atividade física, tornavam-se menos vulneráveis a doenças cardiovasculares – como enfartes e derrames. Com a tal prova em mãos, o Departamento poderia incentivar, com propriedade, a criação de programas de governo focados nestas soluções. O único problema: os resultados do trabalho. Divulgados esta semana, eles mostraram que de nada adiantou perder peso: as taxas de doenças cardíacas mantiveram-se as mesmas!

O estudo acompanhou mais de 5000 americanos, divididos em dois times. Um deles recebeu o que foi chamado de “intervenção intensiva no estilo de vida”, o que incluía acompanhamento constante da saúde do paciente e estímulos para a perda de peso e aumento na freqüência da prática de esportes. O segundo time recebeu apenas o suporte básico para diabéticos e material educativo.

Os resultados

Após um ano do início do projeto, os voluntários do primeiro time – o que recebeu a “intervenção” – mostraram perda de peso de, em média, 8%. Após quatro anos, a perda de peso média chegou a 5%. Já o segundo grupo perdeu apenas 1% do peso, tanto após um ano quanto após quatro anos.

Ou seja, o primeiro grupo, de fato, perdeu mais peso que o segundo, como era de se esperar. Porém, teria isso se traduzido em menos complicações cardiovasculares?

A resposta é um incrível “não”. Depois de 11 anos, os pesquisadores não encontraram nenhuma diminuição nos números relativos de doenças cardíacas e derrames no primeiro grupo, contrariando o que era amplamente esperado.

“Apesar do estudo ter mostrado que a perda de peso tem muitos efeitos positivos para a saúde de pessoas com diabetes tipo 2, esta perda não reduziu o número de eventos cardiovasculares”, afirmou a Dra. Rena Wing, presidente do grupo Look AHEAD e professora de psiquiatria e comportamento humano na Brown University.

Vantagens

Perder peso pode não ter servido para diminuir a incidência de doenças cardiovasculares nos diabéticos do estudo, porém trouxe outros enormes benefícios: diminuição da dependência de remédios para o diabetes, menor incidência de apnéia obstrutiva do sono, maior mobilidade física e aumento considerável na qualidade de vida. Pode não ter sido o resultado esperado no início dos trabalhos, mas certamente trata-se de uma ótima notícia para todos os diabéticos.

O estudo Look AHEAD está programado para ser concluído apenas em 2014.

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