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Peixes contaminados com mercúrio podem causar diabetes

Pesquisa correlaciona pela primeira vez o acúmulo de mercúrio no organismo – geralmente vindo dos peixes que comemos – a maiores riscos de diabetes.

Imagine um grupo de pessoas bem magras, com índice de gordura corporal pequeno e que se alimenta de maneira extremamente saudável, ingerindo grandes quantidades de peixes e frutos do mar todas as semanas. Seguindo a lógica, estas pessoas correriam baixíssimos riscos de desenvolver diabetes – uma doença cujos fatores de risco incluem a má alimentação e a obesidade -, certo? Porém, como de costume, a realidade é sempre mais complicada do que podemos imaginar. Cientistas da Escola de Saúde Pública da Universidade de Indiana, nos EUA, descobriram um motivo pelo qual quem come muito peixe pode ter as chances aumentadas de desenvolver diabetes no futuro. O motivo seria o mercúrio, uma substância tóxica que pode estar presente nos alimentos que vêm do mar.

A pesquisa, publicada no periódico científico Diabetes Care, afirma que “(o) mercúrio é um poluente de ampla dispersão com alta toxicidade tanto para formas orgânicas como inorgânicas. As maiores fontes de acúmulo do mercúrio em humanos resultam da exposição (…) ao consumo de peixes e frutos do mar (…).” O trabalho também indica quais os problemas de saúde que este acúmulo de mercúrio no organismo pode provocar: “(O mercúrio) já foi relacionado a doenças em humanos, incluindo atrasos no desenvolvimento neural, supressão do sistema imune e disfunção cardiovascular”. Ou seja, o mercúrio é capaz de provocar grandes estragos à nossa saúde.

 

O mercúrio é o único metal que é líquido em condições normais de temperatura e pressão.

E QUAL SERIA A RELAÇÃO ENTRE MERCÚRIO E DIABETES?

 

Conforme visto acima, o mercúrio é uma substância que pode desestabilizar nosso sistema imune, aquele de defesa do organismo e que nos protege, por exemplo, de infecções. Acredita-se que uma das causas do diabetes seja justamente a inflamação recorrente do pâncreas, o órgão que produz a insulina. Assim, ingerir muito mercúrio poderia, ao longo do tempo, prejudicar o pâncreas, resultando, assim, no diabetes.

 

CONHECENDO OS COMEDORES DE PEIXES

A fim de medir a influência da ingestão do mercúrio no desenvolvimento do diabetes, os pesquisadores acompanharam um grupo de 3.875 homens e mulheres norte-americanos. Eles tiveram sua saúde acompanhada desde 1987. Nenhum deles tinha diabetes há 26 anos, quando o estudo começou. Bastante interessante é a maneira pela qual a quantidade de mercúrio em seus corpos foi medida: através de testes nas unhas do dedão do pé!

Destas quase quatro mil pessoas, as que adotaram um estilo de vida mais saudável ao longo dos anos – ou seja, tinham menos gordura corporal e menor circunferência abdominal – foram aquelas que apresentaram maiores níveis de contaminação por mercúrio. O motivo, acredita-se, é que elas comiam peixe com maior freqüência do que os demais voluntários. Ao mesmo tempo, estas pessoas apresentaram 65% mais chances de desenvolver diabetes ao longo dos anos – dois fatos que os cientistas foram capazes de correlacionar, após diversos testes para controle.

Ou seja, no final das contas, alimentar-se bem acabou provando uma má idéia para este grupo, já que seguir uma dieta baseada em peixes parece ter favorecido o aparecimento do diabetes. Seria esta a conclusão a ser tirada do trabalho científico?

 

ENTÃO QUER DIZER QUE É PERIGOSO COMER PEIXE?

Não! Precisamos entender o seguinte: este recente estudo relacionou, pela primeira vez, mercúrio ao diabetes, por isso ele é bastante importante. Porém, mais importante ainda é lembrar que nem todos os peixes contêm quantidades significativas de mercúrio. Além disso, dependendo do local do mundo onde uma pessoa vive, os pescados à venda no mercado podem ser mais ou menos contaminados. Por exemplo, a pesquisa foi realizada nos EUA, país no qual os índices de mercúrio nos frutos marinhos à venda é bem maior do que aqui no Brasil.

Ademais, os autores do estudo revelaram que algumas espécies marinhas, como o salmão, o camarão e o bacalhau, naturalmente não guardam muito mercúrio dentro de si, podendo ser comidos com gosto. Os peixes que mais acumulam mercúrio – felizmente para nós! -, não fazem parte da dieta normal brasileira, e incluem o peixe-espada e até mesmo o tubarão (!).

É bem provável que esta descoberta seja propagandeada como um motivo para não comer peixe, ou pelo menos para pensar duas vezes antes de se deliciar com aquele gostoso peixinho na praia. Porém, agora você já sabe que esta é uma conclusão falsa a partir dos dados do estudo.

Manter uma dieta rica e repleta de peixes e frutos do mar continua sendo uma excelente maneira de viver mais e melhor, ajudando a evitar diversas doenças – inclusive o diabetes.

 

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2 Comentários

  1. Olá, Josmar!

    Algumas pesquisas realizadas aqui no Brasil não foram capazes de identificar níveis perigosos de mercúrio nos nossos peixes de água doce – uma ótima notícia para quem gosta deste saudável alimento!

    Grande abraço

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