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O Diabetes e o Alzheimer

Ao relacionar as doenças, estudo mostra que é possível a criação de uma droga para reduzir as chances de pacientes de diabetes tipo 2 desenvolverem Alzheimer.

por Ricardo Schinaider de Aguiar, especial para o Diabeticool

Pesquisas recentes sugerem que pessoas com diabetes tipo 2 têm uma probabilidade duas vezes maior de desenvolver a Doença de Alzheimer quando comparadas a pessoas não diabéticas. Um novo estudo, porém, demonstrou, através de uma abordagem inovadora, que seria possível o desenvolvimento de uma droga para diminuir esse risco elevado.

+ Leia mais: “Glicemia alta pode encolher o cérebro – Pesquisa associa altas taxas de açúcar no sangue à diminuição de regiões cerebrais, à demência e ao Alzheimer“.

A relação entre o diabetes e o Alzheimer está no fato de que ambos estão associados à formação de agregados de peptídeos que se depositam em regiões onde não deveriam, resultando em problemas para o organismo. Peptídeos são cadeias de aminoácidos; longas cadeias de peptídeos formam as proteínas. No caso da Doença de Alzheimer, um peptídeo chamado beta amilóide é encontrado acumulado em forma de placas no cérebro, causando falhas na comunicação entre neurônios e levando aos sintomas característicos da doença. Já no caso do diabetes, a amilina, produzida no pâncreas juntamente com a insulina, é o peptídeo que pode se acumular, causando uma falha no reconhecimento da glicose pelo organismo. Em ambos os casos, a presença e acúmulo dos peptídeos estão diretamente ligados à progressão das doenças.

Há dois anos, pesquisadores notaram a presença tanto da beta amilóide quanto da amilina no pâncreas de pessoas com diabetes tipo 2. Para descobrir se a interação entre as moléculas exercia um papel na agregação inapropriada de peptídeos e contribuía para o desenvolvimento da Doença de Alzheimer, Yifat Miller, da Universidade de Negev, Israel, liderou um estudo para caracterizar o modo como essas duas moléculas interagem uma com a outra. Para isso, ele analisou as estruturas dos peptídeos, experimento nunca antes realizado. O resultado foi a descoberta de bases moleculares que podem permitir, no futuro, a criação de um medicamento para se prevenir o desenvolvimento do Alzheimer em pacientes de diabetes tipo 2.

“Ao identificar regiões específicas desses peptídeos que os fazem interagir fortemente entre si, nosso estudo pode fornecer uma nova perspectiva na relação entre o diabetes tipo 2 e a Doença de Alzheimer”, afirma Miller. “Nós acreditamos que ao prevenir essas interações, através do desenvolvimento de uma nova droga, poderemos reduzir o risco de pessoas com diabetes tipo 2 de desenvolver a Doença de Alzheimer mais tarde em suas vidas”.

 

Ricardo Aguiar é formado em Ciências Biológicas pela Unicamp e atualmente faz o curso de “Especialização em Divulgação Científica” no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), também pela Unicamp.

 

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