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Diabetes pelo Mundo: Índia

O segundo país que mais tem diabéticos no mundo descobre o segredo de como conviver durante várias décadas com a doença.

Apesar do diabetes ser uma doença que afeta todas as populações do mundo inteiro, alguns povos possuem tendência maior a desenvolver a condição. O motivo varia, podendo ser genético ou uma resposta ao estilo de vida próprio do grupo. Este é o caso, por exemplo, dos índios Pima, da população mexicana nos EUA, dos sul-asiáticos e, especialmente, dos indianos. A população da Índia é tão propensa a ter diabetes, particularmente o tipo 2, que grande parte das crianças e dos jovens com diabetes possuem o tipo 2 da doença, normalmente observado em indivíduos mais velhos. Um novo estudo traçou um panorama inédito da população com diabetes que vive neste exótico país.

A Índia é o segundo país mais populoso do mundo, com mais de 1 bilhão e duzentos mil habitantes. Destes, pelo menos 62 milhões são diabéticos – para se ter uma idéia, é mais gente que a população inteira do estado de São Paulo. Este número torna o país o segundo lugar no ranking mundial dos países com mais diabéticos. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, os 62 milhões atuais podem pular para mais de 100 milhões de diabéticos em 2030.

bandeira india diabetes

90% de quem está com diabetes na Índia possui o tipo 2 da doença. Algumas pesquisas inferiram que o motivo para isto é que os indianos naturalmente mostram uma tendência maior para resistência à insulina e adiposidade central, fatores de risco para o diabetes. Além disto, a população do país têm índices de sedentarismo muito altos e consome grandes quantidades de grãos refinados, o que também pode favorecer o aparecimento da condição. Ainda, estudos recentes sugerem que os indianos possuem genes que podem aumentar a susceptibilidade à doença. Somando todos estes motivos, fica mais fácil entender o porquê dos indianos desenvolverem o diabetes tipo 2 – que é mais relacionado ao estilo de vida do que o tipo 1 – muito mais cedo do que os europeus, por exemplo.

Buscando entender melhor as complexidades e desafios que o diabetes gera na Índia, pesquisadores da Fundação Madras de Pesquisa de Diabetes, com sede na própria Índia, publicaram um estudo revelador na última edição da revista científica Diabetes Care. Neste trabalho, os cientistas estudaram a saúde de pacientes que estão há mais de 40 anos convivendo com o diabetes tipo 2. Os dados foram comparados com aqueles de diabéticos tipo 2 que também conviveram vários anos com a doença, porém faleceram mais cedo. Qual seria o segredo da longevidade daqueles que estão há mais de quatro décadas convivendo com o diabetes?

O padrão alimentar tem mudado ao longo das últimas décadas na Índia – e os índices de diabetes têm aumentado consideravelmente.

Após realizarem uma bateria completa de testes de saúde nos sobreviventes, incluindo estudos de retinopatia, nefropatia, neuropatia, hemoglobina glicada e doenças cardíacas, os resultados foram conclusivos. As pessoas que conviveram por 40 anos ou mais com o diabetes foram aquelas que tiveram menores valores de colesterol total e de LDL (o colesterol “ruim”), menores índices de pressão sangüínea e de obesidade, maiores taxas de HDL (que é o colesterol “bom”) e melhor controle da glicemia. Em outras palavras, quem cuidou melhor da saúde e da alimentação pôde aproveitar muito melhor a vida, mesmo fazendo parte de um grupo étnico mais propenso do que o comum a desenvolver o diabetes.

Os autores do trabalho resumem as descobertas da seguinte maneira: “Os sobreviventes [isto é, quem estava com diabetes há mais de 40 anos] msotraram melhor controle glicêmico, melhor perfil lipídico, menor pressão do sangue e maior uso de estatinas, o que provavelmente contribuiu para o aumento na sobrevivência. Mais estudos, incluindo análises genéticas, poderão ajudar a identificar os fatores responsáveis pela sobrevivência de longo prazo e o quê os protege das complicações comuns a este grupo de diabéticos tipo 2.”

Se estas descobertas realmente ajudarem os milhões de indianos a conviver melhor com o diabetes, estamos torcendo para que sejam feitas bem cedo!

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