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O açúcar que diminui a glicemia

Pesquisa descobre que açúcar naturalmente presente na planta da tequila não aumenta a glicemia e ainda estimula a produção de insulina.

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Um açúcar que não aumenta a glicemia – seria possível?

Uma pesquisa mexicana, da Universidade de Guanajuato, diz que a resposta é sim! Seu nome é agavin, um açúcar encontrado naturalmente no Agave – mesma planta usada para a produção da Tequila. Como ele não é absorvido pelo nosso organismo, não afeta os níveis de glicose no sangue e pode agir como uma fibra, efeito ideal para quem tem diabetes.

“Nossa pesquisa é a primeira que testou o agavin como adoçante”, diz Mercedes López, autora do estudo.“Nós descobrimos que, além de não aumentar a glicemia, ele aumenta a secreção de GLP-1”. O GLP-1 (glucagon-like peptide-1) é um hormônio que estimula a produção de insulina, portanto está relacionado à redução da glicemia.

As pinhas do agave – parte utilizada para fazer a tequila – têm o tamanho de uma bola de basquete e podem chegar a pesar mais de 20kg!

Em sua pesquisa, López adicionou agavin na água de ratos de laboratório, que foram alimentados com uma dieta normal, e acompanhou o peso e a glicemia dos animais ao longo de semanas. Quando comparados com ratos que beberam água com outros açúcares – como glicose, sacarose, frutose e aspartame – os ratos que ingeriram agavin comeram menos, perderam peso e tiveram menores níveis de glicemia.

Para evitar confusões, é importante lembrar que o agavin não é igual ao néctar, xarope, extrato ou à calda de agave. Esses produtos, que já são comercializados e muitas vezes usados como adoçantes, contêm frutose, que é absorvida pelo organismo e aumenta a glicemia. O agavin também tem frutose, mas de uma forma diferente: elas estão ligadas entre si e formam cadeias tão longas que nosso organismo não consegue absorvê-las. Essas cadeias são chamadas de frutanos. Elas são benéficas para a flora intestinal e, por não serem absorvidas, podem fazer um papel parecido com o das fibras alimentares.

“O agavin é melhor que adoçantes artificiais, que são absorvidos pelo corpo e podem causar efeitos colaterais, como dor de cabeça”, diz López. “O agavin não é caro e não possui efeitos colaterais conhecidos, exceto em pessoas que são intolerantes a ele. Sua única desvantagem é que não é tão doce como os adoçantes artificiais”.

Como o estudo foi feito em animais, ainda são necessários testes em humanos antes que o agavin possa ser vendido. Seu potencial para quem tem diabetes é indiscutível, mas infelizmente talvez ainda demore até que seja possível encontrá-lo nas prateleiras de supermercados.

Curiosidade – Como a Tequila é feita? A bebida contém agavin?

A tequila é feita a partir das pinhas da planta do Agave. Primeiramente, elas são assadas para que seja feita a extração do açúcar, com o qual se faz xaropes e outros produtos de agave. Depois de cozidas e resfriadas, elas são trituradas e é feito um acréscimo de água. Nesse caldo, são adicionadas leveduras para o processo de fermentação, que transforma o açúcar em álcool. O líquido é então destilado duas vezes para se obter a tequila.

O agavin é o único carboidrato usado para a produção da tequila. Porém, como ele é transformado em álcool, a tequila não contém agavin.

 

*A pesquisa, “Agavins as Potential Novel Sweeteners for Obese and Diabetic People”, foi apresentada no 247o Encontro Nacional da Sociedade Americana de Química (ACS).

 

ricardo schinaider de aguiar perfil diabeticool

Ricardo Aguiar é biólogo (UNICAMP), especialista em divulgação científica (LABJOR/UNICAMP) e colabora com o Diabeticool trazendo para a gente as últimas e mais empolgantes novidades da Ciência relacionadas ao diabetes, à saúde e a um estilo de vida mais saudável.

 

 

4 Comentários

  1. Diabético a mais de 24 anos, fiquei muito animado com a informação, mas quando esta açucar vai ser encontrada nos supermercados?

  2. Isto ninguém pode dizer ainda, sr. Gilberto! A descoberta sobre as propriedades do açúcar do agave são recentíssimas. Conforme diz o texto, só agora os cientistas vão começar a fazer testes em humanos.

    Vamos torcer para que estes testes funcionem, já que são o primeiro passo para futuramente vermos o açúcar nos supermercados e farmácias!

    Um abraço!

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