Home Dietas As mulheres-fruta e o diabetes
Dietas -

As mulheres-fruta e o diabetes

Você é uma mulher-maçã ou uma mulher-pêra? Entenda como o formato do corpo pode influenciar a saúde e os riscos de ter diabetes, com informações baseadas nas mais recentes pesquisas científicas.

Como seu corpo acumula gordura? No estilo "maçã" ou no estilo "pêra"?
Como seu corpo acumula gordura? No estilo “maçã” ou no estilo “pêra”?

Até pouco tempo atrás, acreditava-se que as chamadas “mulheres-pêra” seriam mais saudáveis do que as “mulheres-maçã”. Um novo trabalho científico, realizado pelo UC Davis Health System e que será publicado em março no periódico The Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, põe esta teoria abaixo e mostra que as “pêras” correm muito mais riscos de desenvolver a síndrome metabólica e doenças como o diabetes. Para entender o quê este salada de frutas e doenças significa, vamos analisar em partes esta grande descoberta.

 

Dando nomes ao pomar

Celebridades com a silhueta de pêra.
Celebridades com a silhueta de pêra…

Em primeiro lugar, vamos definir nossas frutas. As “mulheres-pêra” são aquelas que acumulam gordura predominantemente na região dos glúteos, quadris e coxas. Já as “mulheres-maçã” carregam mais peso na região abdominal. Algumas pesquisas conduzidas no começo da década apontaram que as mulheres “barrigudas” (as “maçãs”) seriam mais propensas a desenvolver problemas cardíacos e o diabetes quando comparadas às mulheres-pêra. De maneira misteriosa, as pesquisas ainda indicavam que a gordura acumulada nos quadris “protegeria” as mulheres, de alguma forma, de problemas de saúde no futuro. O novo trabalho dos cientistas da UC Davis vem mostrar que as coisas não são bem assim.

 

... e outras famosas com o corpo de "maçã".
… e outras famosas com o corpo de “maçã”.

“A gordura no abdômen foi por muito tempo considerada a mais prejudicial à saúde, e acreditava-se que a gordura nos glúteos protegia do diabetes, de doenças cardíacas e da síndrome metabólica”, conta Ishwarlal Jialal, principal autor do estudo e professor de patologia e medicina laboratorial no UC Davis. “Mas a nossa pesquisa ajuda a dispersar o mito de que a gordura nos glúteos é ‘inocente’.”

 

Entendendo a perigosa síndrome metabólica

Uma das principais descobertas da pesquisa do professor Jialal é a de que as “pêras” correm maiores riscos de desenvolver a síndrome metabólica. E o que seria isto?

A síndrome metabólica é o nome dado a um conjunto de fatores de risco que, quando aparecem juntos, aumentam em muitas vezes as chances do paciente ter doenças cardiovasculares e diabetes. Na verdade, não é exagero dizer que uma pessoa que possua estes fatores de risco terá, de fato, algum destes problemas de saúde. Estatísticas mostram que a síndrome metabólica dobra os riscos de doenças cardiovasculares e multiplica por cinco as chances do desenvolvimento do diabetes. Alguns destes fatores de risco são: ter cintura larga, baixos níveis de lipoproteínas de alta densidade (HDL, ou o “colesterol bom”) no sangue, pressão alta, altas taxas de triglicérides e glicemia de jejum elevada (o que caracteriza a resistência à insulina).

 

Os segredos deletérios da gordura das “pêras”

A gordura acumulada próxima às nádegas libera quantidades anormais de duas proteínas, chamadas de quemerina e omentina, de acordo com a nova pesquisa. Este tipo de gordura libera mais quemerina do que o normal, o que está relacionado com pressão alta, taxas elevadas de proteína C-reativa (um sinal de inflamação) e de triglicérides, resistência à insulina e níveis baixos do colesterol bom – todos estes fatores, como vimos, são extremamente prejudiciais à saúde. Já a omentina é liberada em menor quantidade, o que, por sua vez, está relacionado a altas taxas de triglicérides, glicemia nas alturas e baixo teor de HDL no sangue – características também nada positivas.

Em suma, os efeitos no corpo humano da gordura das “mulheres-pêra” é piorar – e muito! – os fatores de risco para a síndrome metabólica. Como conseqüência, estas mulheres correm riscos muito maiores de ter diabetes e doenças cardiovasculares.

Jialal explica: “Altos níveis de quemerina foram correlacionados com quatro das cinco características da síndrome metabólica e podem ser um biomarcador promissor para esta síndrome. Como [a quemerina] é também uma indicadora de inflamação e de resistência à insulina, ela pode acabar vir a sendo parte de um painel de biomarcadores para definir casos de obesidade de alto risco.” O cientista explica as implicações médicas de suas descobertas para o futuro: “Grandes estudos epidemiológicos futuros deverão focar na avaliação do papel da quemerina como biomarcador para o desenvolvimento do diabetes e de doenças cardiovasculares na síndrome metabólica.”

 

Tudo está perdido para as mulheres-pêra?

Pouco importa qual seja o seu tipo de fruta - o importante é manter-se saudável sempre!
Pouco importa qual é o seu tipo de fruta – o importante é manter-se sempre com a saúde em dia!

Apesar das novidades da pesquisa não trazerem boas notícias para quem acumula gordura na região inferior do corpo, elas são um importante alerta. Assim como em casos de pré-diabetes, nos quais um paciente consciencioso e que cuide bem da glicemia pode se curar sem problemas, as mulheres-pêra devem encarar as descobertas como um incentivo para cuidarem da saúde com todo o carinho e atenção. “A boa notícia do nosso trabalho é que, através da perda de peso, as pessoas podem reduzir os níveis de quemerina, além de diminuir os riscos de síndrome metabólica severa”, conta o professor Jialal. Portanto, é hora das frutas colocarem as mangas de fora e amadurecerem seu lado saudável!

 

1 comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Veja também!

Remissão do diabetes tipo 2 é uma realidade cada vez mais frequente, afirmam entidades médicas

Um dos termos mais procurados junto com “diabetes” é “cura“. Afina…