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Por que ficar bêbado aumenta os riscos de diabetes?

Beber demais, mesmo que de vez em quando, causa mudanças no cérebro que podem levar ao diabetes.

É comum médicos e pesquisadores perceberem, por experiência própria com seus pacientes, que alguns sintomas ou comportamentos são prenúncios de doenças no futuro. Por exemplo, há tempos já foi notado que pessoas adeptas às bebedeiras casuais – como o jovem que vai toda sexta-feira na balada e bebe até cair – correm muito mais riscos de desenvolver diabetes tipo 2. Correlacionar estas observações é uma coisa; outra é provar que um comportamento leva ao outro. Uma recente pesquisa americana, porém, parece ter solucionado pelo menos um destes problemas.

+ Leia também: “Quem tem diabetes pode tomar cerveja?”

Cientistas do Instituto de Diabetes, Obesidade e Metabolismo da Escola de Medicina Icahn, em Mount Sinai, Nova York, descobriram que as bebedeiras casuais realmente aumentam as chances do aparecimento do diabetes, e revelaram o porquê do fato.

Eles estudavam se os riscos elevados de diabetes nos bebedores casuais estavam relacionados à bebida em si ou a um segundo fator – o de que quem bebe em demasia costuma também comer em demasia a fim de aliviar os sintomas etílicos. Geralmente tratam-se de alimentos gordurosos e altamente calóricos, fonte rica de problemas de saúde.

“Previamente ao estudo, era incerto se a bebedeira casual estava associada aos riscos maiores de diabetes, uma vez que quem bebe demais em uma noite tende a comer demais naquela mesma noitada”, revela Claudia Lindtner, principal autora do trabalho.

A fim de determinar a influência exata do álcool e da comida nas chances de diabetes, a equipe de Claudia simulou, durante três dias, os efeitos da bebedeira e do excesso de comidas calóricas em ratos de laboratório. Um grupo de animais recebeu álcool na alimentação e um outro ganhou a mesma quantidade de calorias que os primeiros na forma de comidas “gordas”.

Depois de alguns dias, quando o álcool não pôde mais ser detectado no sangue dos animais, os cientistas perceberam que o grupo tratado com álcool apresentava concentrações elevadas de insulina no plasma sangüíneo – o que indica resistência à insulina, pode levar à tolerância reduzida para glicose e é um grave fator de risco para o diabetes.

Estudando mais a fundo o processo, os pesquisadores descobriram que a bebedeira causou inflamação no hipotálamo, região do cérebro que controla justamente a insulina no corpo. A teoria é que esta inflamação causou uma ruptura na comunicação entre a insulina e seus receptores, resultando em menor sensibilidade ao hormônio.

Em termos humanos, o efeito deletério seria observado em quem bebe álcool em exagero – cerca de quatro a cinco doses de bebida – em um período de duas horas.

De acordo com reportagem da revista Veja sobre o tema,

“A partir desses resultados, os autores sugerem que os efeitos nocivos do álcool vão além das doenças no fígado, mas também atingem a regulação do metabolismo feita pelo cérebro. Além disso, os pesquisadores acreditam que bloquear a substância que inibe os receptores de sinais de insulina no cérebro possa ser uma solução para pessoas que têm uma resposta anormal à glicose.”

A pesquisa foi publicada na revista científica Science Translational Medicine.

A dra. Christiane Sobral, coordenadora do Centro de Diabetes do Hospital Sírio-Libanês, deu entrevistas sobre o diabetes para a revista. Não deixe de conferir, clicando no link acima!

 

Evitar as bebedeiras é sempre uma atitude sábia.

 

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