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Células-tronco para salvar a visão dos diabéticos

Estudo multinacional pretende utilizar células-tronco adultas a fim de reverter os danos causados pela retinopatia diabética, o que pode beneficiar milhões de pacientes.

Uma mega equipe de cientistas – envolvendo profissionais da Irlanda do Norte, Irlanda, Alemanha, Holanda, Dinamarca, de Portugal e dos Estados Unidos – já está pronta para aplicar os mais de 15,5 milhões de reais que recebeu de fundos da União Européia no desenvolvimento de uma nova técnica terapêutica. A meta dos pesquisadores é utilizar células-tronco na cura da retinopatia diabética, que é a complicação nos olhos mais comum entre diabéticos e pode levar à cegueira.

projeto reddstar diabetes

O projeto recebeu o codinome de REDDSTAR (quase “red star“, ou “estrela vermelha” em inglês; o símbolo do projeto é uma estrela vermelha dentro do círculo azul do diabetes). Em inglês, é uma sigla que significa “Reparo de Danos Diabéticos através da Administração de Células do Estroma”. Os pesquisadores planejam coletar células-tronco adultas da medula óssea dos pacientes, cultivá-las em laboratório para que se multipliquem e, então, reimplantá-las no diabético, para que elas possam curar os danos provocados pela retinopatia.

O projeto ganhou site oficial (clique aqui) e até mesmo uma página própria no Facebook (clique aqui), nas quais pode-se acompanhar a evolução do projeto e as façanhas dos pesquisadores.

 

Para lembrar o que é a retinopatia

As altas concentrações de açúcar no sangue, sintoma característico do diabetes, podem danificar os delicados vasos sangüíneos que chegam aos olhos. Os danos podem se dar por conta do bloqueio dos vasos ou extravasamento de sangue. Neste processo, a retina sofre danos, levando à progressiva perda de visão.

Um lembrete importante: apesar de comum, uma glicemia bem controlada diminui, em muito, as chances de um diabético desenvolver a retinopatia.

 

O uso de células-tronco nas pesquisas sobre o diabetes

Desde que foram descobertas, as células-tronco são uma das grandes promessas da Ciência para o desenvolvimento de novas terapias. Devido à capacidade de se transformarem em diversos tipos celulares específicos, elas poderiam ser utilizadas na regeneração de tecidos ou em doenças autoimunes, por exemplo, como é o caso do diabetes tipo 1. Lembramos aos leitores o artigo “Brasileiros tratam diabetes tipo 1 com células-tronco“, publicado no último mês, no qual descrevemos a pesquisa pioneira do brasileiro Carlos Couri no uso destas células para o tratamento do diabetes. Apesar da “matéria-prima” do tratamento ser a mesma, a estratégia utilizada pelo dr. Couri é bem diferente daquele descrita acima.

Células-tronco adultas, retiradas da medula óssea de um humano, envoltas por matriz extracelular (em vermelho).

 

Fala o especialista

O professor Alan Stitt, diretor do Centro da Visão e Ciência Vascular da Queen’s University Belfast e líder do projeto, conta mais sobre seu trabalho.

“(Nós iremos) investigar o potencial de uma população única de células-tronco de promover reparos em vasos sangüíneos da retina danificados pelo diabetes. O impacto poderá ser profundo para pacientes, pois a regeneração de uma retina danificada poderá prevenir a evolução da retinopatia diabética e reduzir o risco de perda da visão.”

“Os tratamentos atualmente disponíveis para a retinopatia diabética nem sempre são satisfatórios. Eles focam nos estágios finas da doença, possuem muitos efeitos colaterais e não são capazes de resolver as causas da condição. Uma abordagem terapêutica nova e alternativa é instigar células-tronco adultas a promover a regeneração dos vasos sangüíneos danificados da retina e, assim, prevenir e/ou reverter a retinopatia”, completou.

Alan ainda explicou em detalhes a técnica a ser utilizada: “Este novo projeto de pesquisa é uma de várias abordagens da medicina regenerativa que estão em andamento no Centro. A abordagem é bem simples: nós planejamos isolar uma população pequena e bem definida de células-tronco e então levá-las aos locais do corpo que foram danificados pelo diabetes. No caso de alguns dos pacientes com diabetes, eles podem ganhar enormes benefícios através do reparo dos vasos sangüíneos danificados em suas retinas. Este é o primeiro passo em direção a uma muito necessária e benquista terapia.”

 

Por envolver um time multinacional de cientistas, as pesquisas serão realizadas em cinco centros de saúde ao redor da Europa. Nesta primeira fase, os integrantes do REDDSTAR testarão a viabilidade de multiplicar as células tronco em laboratório. Os testes com humanos, etapa final do trabalho, ocorrerão na Dinamarca. Ficaremos de olho no desenvolvimento do projeto!

 

6 Comentários

  1. Prezados Srs:

    As perspectivas da medicina regenerativa são promissoras; o que não é promissor é a cobiça humana por dinheiro! Muitas tecnologias de ponta não são massificadas, pois trariam prejuízos as indústrias que sobrevivem das doenças.Precisamos de cientistas compromissados não com o capital mas com a VIDA e de empresarios que queiram lucrar, mas não de forma abusiva…
    Outro entrave é vaidade acadêmica, se todos se unissem independentemente da corrente doutrinária, institucional e da identidade nacional.Teriamos mais cabeças pensantes e com certeza as soluções, as tecnologias de ponta e os insumos surgiriam de forma mais rápida.Mas afinal somos todos humanos, que só aprendemos pela dor e poucos aprendem pelo amor.
    Vamos ter esperanças, pois estamos prestes a sair do nivel de um planeta de expiação para um planeta de regeneração.Onde o foco será o ser vivo: vegetal, animal e / ou humano.
    Paz profunda e vida longa e próspera a todos…
    Rio de Janeiro, RJ: 19 / fevereiro / 2013.

  2. PARABÉNS Diabeticool!!!
    Obrigada por nos informar de todas as novidades sobre a diabetes, temos muitaaaaa Fé de que irá ser descoberta a cura para a Diabete Tipo1, pois meu enteado tem 11 anos e descobriu a doença à 1 ano e meio e estamos sempre de olho em todas as novidades….Deus Ilumine à todos os envolvidos!

  3. Olá, pude perceber que os estudos em relação a cegueira pela retinopatia diabética estão evoluindo, fico apenas um tanto quanto frustrado em relação em perceber que tais avanços ocorrem em países dos quais apenas ouvi dizer, no entanto no Brasil… não se ouve noticiários, talvez porque a imprensa não se interesse, não ouve-se doutores ou cientistas brasileiros interessando-se em abraçar a causa, etc… perdi minha visão aos 26 anos, hoje tenho 32 e fico com depressão quando vou até o Hospital de Olhos do Paraná em Curitiba, onde fui tratado, ou ao menos algumas tentativas de impedir minha perda da visão, mas não foi possível, onde já a 6 anos após esta perda, a única resposta que tenho quando questiono a respeito, é que ainda nada foi descoberto. Que a opinião do internauta Luiz Mário, possa calar aos cientistas, médicos e responsáveis brasileiros também.

  4. Muito bom saber que há esperança, tenho Retinopatia Diabetica, ia fiz fotocoaguacao e injeções e nada.
    Quero tentar algo desespero.
    Ne ajudem
    doriimobiluarua@gnail. Com

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