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Absurdos diabéticos

Quando a necessidade de tratar bem uma criança diabética esbarra na insolência e petulância dos pais  

Keyonna e sua mamãe, Alana – Cape Breton Post

Um caso vem chamando a atenção da pequena cidade de Nova Scotia, no Canadá. Keyonna Hart é uma garotinha de 8 anos de idade que foi recentemente diagnosticada com diabetes tipo 1. Ela deve receber diariamente quatro injeções de insulina, uma das quais na hora do almoço. Porém, a criança não é capaz de aplicar a injeção em si mesma, segundo sua mãe, e ninguém na escola onde Keyonna estuda está disposto a ajudá-la.

Alana Hart, a mãe da garota, dirige todos os dias ao meio-dia até a escola da filha para aplicar uma das injeções. Ela teme, todavia, que eventualmente não consiga deixar seu emprego em uma casa de repouso para acudir a menina. Por isso, pediu à escola que aplicasse as injeções de insulina em Keyonna. Mas ninguém quer fazer isso. “Nós não vamos injetar coisas nos nossos estudantes”, afirma categoricamente Ambrose White, superintendente do Conselho Escolar Regional de Cape Breton-Victoria. “Nosso pessoal jurídico nos disse que não podemos fazer isso por motivos processuais”. A única opção legal para a escola seria contratar uma enfermeira, profissional capacitada a realizar tal ação, porém isto sairia caro demais. Há algumas décadas, todas as escolas canadenses tinham uma enfermeira residente, mas a necessidade de corte de custos no extremamente abrangente sistema de saúde do país eliminou a posição.

A situação gerou polêmica na cidade. Há quem acuse a escola de descaso e negligência, engrossando o coro da mãe da garotinha. Outros argumentam que crianças ainda mais jovens que Keyonna já aprenderam a aplicar injeções de insulina, e que portanto ela deveria receber melhor aconselhamento em como lidar com sua doença. Há ainda a opção de algum outro familiar ir até a escola e realizar o tratamento, mas Alana Hart garante que ninguém tem esta disponibilidade e que a responsabilidade é, sim, da escola. Uma senhora da comunidade até mesmo se ofereceu a ir todo dia, à hora do almoço, até a escola de Keyonna e aplicar a injeção na garota, porém Alana negou o pedido, dizendo que se sente desconfortável com uma estranha injetando sua filha.

Enquanto a comunidade bate boca, Keyonna, residente de um país socialmente avançado, moradora de uma comunidade amigável, aberta e solícita, aprende da pior maneira como conviver com sua condição.

Pode-se acompanhar o caso aqui (em inglês).

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