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Prevenindo o diabetes com hormônio masculino

Australianos se preparam para lançar projeto de pesquisa multimilionário para determinar se a testosterona pode prevenir o diabetes tipo 2.

Em um estudo que está sendo divulgado pela mídia da Austrália como “inédito no mundo”, pesquisadores daquele país tentarão determinar se o diabetes tipo 2 pode ser efetivamente prevenido em homens obesos – os quais correm enormes riscos de se tornarem diabéticos – através de um tratamento com testosterona. O trabalho, avaliado em dezenas de milhões de reais, envolve mais de mil e quinhentos homens e durará dois anos.

Até agora, os cientistas sabem que quando homens ganham muito peso na meia-idade, a produção de testosterona – o hormônio masculino – sofre uma queda drástica. Além disso, a obesidade aumenta os riscos do desenvolvimento do diabetes tipo 2. O que os pesquisadores pretendem determinar é se há alguma relação entre a menor produção de testosterona e o diabetes. Dependendo dos resultados, terapias de reposição hormonal poderão ser um novo tratamento contra ambas as condições.

“Acredita-se que taxas baixas de testosterona causam diabetes – e isso pode muito bem ser o caso. O que nós achamos que acontece é que, quando uma pessoa se torna obesa, é isto que causa o risco de diabetes, mas os níveis pequenos de testosterona criam um efeito potencializador”, afirmou Gary Wittert, professor da Escola de Medicina da Universidade de Adelaide e líder do projeto. “Agora, se o melhor tratamento [para o diabetes] é a perda de peso, o que faria aumentar a testosterona, ou a administração da testosterona é a questão que nós vamos responder.”

Para tanto, a equipe de pesquisadores selecionou mais de 1500 homens obesos ou acima do peso, de idades entre cinqüenta e setenta e quatro anos. Nenhum deles têm diabetes, porém todos apresentam taxas de glicemia maiores que o recomendado. Todos os voluntários passarão por programas de perda de peso e, a cada três meses, receberão uma dose de testosterona ou de um placebo. Eles terão sua saúde monitorada durante dois anos, a fim de determinar a incidência do diabetes tipo 2.

“Nós sabemos que a testosterona está envolvida com a motivação e o desejo, então pode ser que o hormônio ajude no aumento da motivação e do desejo de participar corretamente do programa de perda de peso. Pode ser que funcione por aumentar a massa corporal magra e diminuir as gorduras. Ou, então, pode ter efeitos mais específicos na maneira pela qual os músculos utilizam o açúcar”, explicou Garry.

 

Motivações por trás do experimento

Em tempos de crises globais, os efeitos econômicos na saúde pública que os resultados desta pesquisa podem trazer são também considerados pela equipe de cientistas. ONGs australianas estimam que, dos cerca de 23 milhões de habitantes do país, pelo menos 1 milhão já foi diagnosticados com o diabetes. Estes 4% do povo geram custos de mais de um bilhão de dólares aos cofres estatais todos os anos.

A preocupação com o aumento no número de casos de diabetes e obesidade no país preocupa as autoridades. De acordo com um recente levantamento, os maus hábitos alimentares e o sedentarismo seriam os vilões por trás destas tendências. Por exemplo, desde a década de 1970 até os dias atuais, o consumo médio de refrigerantes por pessoa no país subiu de 47 para 113 litros anuais. Neste mesmo período, aumentou em 70% o número de carros usados para ir ao trabalho nas principais capitais australianas.

“Dados os custos da doença para o sistema de saúde, dado o fato de que perder peso e ter um estilo mais saudável têm múltiplos benefícios e dado o fato de que a testosterona existe há muito tempo e é relativamente barata, este [tratamento] tem tudo para ser aplicado de maneira mais ampla”, disse o professor Wittert. “Além do mais, ter sistema através dos quais seja possível analisar a saúde das pessoas de maneira fácil pode também ser uma maneira de controlar mais eficientemente o diabetes no futuro”, completou.

 

Alemães chegaram primeiro

Apesar dos australianos estarem empolgados com os futuros resultados do projeto e divulgarem-no como sendo sem precedentes na história científica, o Diabeticool já publicou uma matéria que relata um trabalho bastante similar (apesar de menor em escopo). Em setembro do ano passado, a matéria “O Ciclo Testosterona-Obesidade-Diabetes” informava sobre os trabalhos do endocrinologista alemão Farid Saad, do laboratório Bayer HealthCare Pharmaceuticals. De acordo com a matéria, “em duas pesquisas correlatas, o cientista descobriu que a reposição hormonal “melhora o humor [e] reduz a fadiga, o que pode motivar o homem a aderir à dieta e exercícios para o combate à obesidade”; além disso, após acompanhar 115 homens em dieta e com pouca testosterona durante 5 anos, concluiu que, com reposição hormonal seguida de dieta e exercícios, eles conseguiram perder peso. A perda média foi de 16 quilos e a circunferência abdominal baixou de 107 para 98 centímetros.” A conclusão do alemão foi a de que o hormônio masculino poderia ser utilizado como tratamento para a obesidade e, como conseqüência, para o diabetes. Esperemos para ver se as conclusões dos australianos serão as mesmas.

 

 

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