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Onde está Deus na luta contra o diabetes?

Ronaldo Wieselberg e o seminarista Cauê Podenciano discutem o importante papel da religião no tratamento do diabetes em um texto imperdível!

POR RONALDO WIESELBERG

Muita gente deve ter torcido o nariz quando viu o título do texto, aposto. Então, antes mesmo de começar, preciso deixar bem claro que o objetivo do texto é mostrar como a religiosidade – e não a religião, seja ela qual for! – pode influenciar no diabetes.

Antes de qualquer coisa, deixo aqui claro que não considero nenhuma religião – ou ausência dela – melhor ou pior do que a outra. Pessoalmente, acredito que fazer o bem pelo próximo, sem esperar mais, é o caminho a ser seguido, e qualquer crença que aponte isso deve ser valorizada.

Religião é bem diferente de religiosidade, e não devem ser confundidas. É possível ter uma religião e não ser religioso – por exemplo, os religiosos não praticantes – ou não ter religião e ser religioso – como os agnósticos. Bem, acho que estou me alongando nisso, vamos passar para a próxima!

luz divina diabetesAntes do surgimento da escrita – e portanto, na chamada “Pré-História” – as pessoas acreditavam que os deuses ou maus espíritos eram a fonte das doenças. A ideia de vírus e bactérias – microrganismos tão pequenos que não podiam ser vistos! – era tão absurda quanto a ideia de que o próprio corpo podia “se atacar” – ou seja, nada de processos autoimunes.

O Avesta, livro sagrado do Zoroastrismo – uma religião da Pérsia antiga – descreve a Medicina, inclusive, como uma luta contra os demônios. Outro exemplo clássico é o hábito de judeus e muçulmanos não comerem a carne suína, hoje, muito mais por respeito às tradições e cultura, mas no início das religiões, a causa era a teníase suína – Taenia solium – que causava tamanho estado de desnutrição que levava à morte, aos poucos… o que era visto como uma punição divina.

Durante muito tempo, antes da microbiologia – que descobriu um mundo microscópico, menor do que nossos olhos conseguem ver – e da imunologia – que descobriu não apenas muitas curas, mas os processos autoimunes – as pessoas em geral consideravam que a cura das doenças ou até mesmo o fechamento de uma ferida dependiam exclusivamente da vontade divina.

Imagine, então, a dificuldade que tinham os médicos para convencer as pessoas a lavar as mãos depois de ir ao banheiro, para manter as feridas limpas, ou convencê-las a tomar um remédio? Praticamente impossível, uma vez que as pessoas preferiam esperar um milagre.

desenho peste negra
Um padre abençoa pessoas infectadas pela Peste Negra, causada pela bactéria Yersinia pestis, como única forma de tratamento, em cerca de 1360. Hoje, os antibióticos agem melhor.

Epa, espera! Não está tão diferente dos dias atuais, não?!

Ainda hoje, a religiosidade desempenha um papel muito importante na sociedade. Religiões modernas, como o Espiritismo, pregam que as doenças que temos são fruto de um resgate de vidas passadas, e que portanto, devem, é claro, ser tratadas pela medicina terrena, mas o paciente não deve sentir-se entristecido. No Islamismo, temos o taweez, um amuleto com versos do Alcorão que auxilia na cura das doenças específicas. No Cristianismo, temos os santos, como São Valentim, que também é o santo protetor das pessoas com epilepsia.

E onde entra o diabetes nessa mistura?!

Algum tempo atrás, contei a história do diabetes, desde a antiguidade até o século XIX, e pudemos ver como a única esperança das pessoas, até a descoberta da insulina e dos medicamentos orais, era mesmo a fé – ou dietas de restrição total, estrume de cabra cozido em leite…

Hoje, temos, é claro, insulinas de altíssima qualidade e vários meios de utilizá-las; medicamentos orais de última geração; monitores de glicemia cada vez mais potentes, e cada vez menores. Ainda assim, será que a religiosidade encontra lugar em meio à diabetologia, uma ciência que cresce rapidamente com os avanços tecnológicos?

A resposta é SIM. Já sabemos que o estresse, por todos os mecanismos fisiológicos, favorece a liberação de cortisol e adrenalina, hormônios que causam hiperglicemia. Da mesma forma, a calma e a meditação favorecem baixos níveis desses hormônios, o que auxilia no controle glicêmico…

…e, na maioria das vezes, o ambiente religioso, de preces e de encontro consigo mesmo, é propício à calma e à reflexão, que facilitam, indiretamente, o controle. A religiosidade e a crença em uma razão para o surgimento do diabetes também favorecem a aceitação da doença e início mais rápido de um tratamento que consiga oferecer a melhor qualidade possível para quem tem diabetes.

É claro, como diversos casos nos hospitais nos mostram – e inclusive, um deles relatado no filme “O Milagre Anunciado” –, “apenas” confiar na ajuda divina e na resolução milagrosa não ajuda no controle do diabetes. Se por um lado acreditamos que Deus – ou como quer que chamemos essa força superior – tem influência no diabetes, por outro esse controle não é direto.

Jesus Cristo cirurgia
A influência divina não é direta, como dissemos. A força superior intercede por meio da boa cabeça e meios terrenos. Seria meio difícil para Jesus realizar uma cirurgia, não?

Esta “influência divina” vem, por assim dizer, por meio de bênçãos para que consigamos entender e enfrentar a doença, sem autopiedade; bênçãos para os médicos, para que eles possam tratá-la da maneira correta, em conjunto com os pacientes; bênçãos para que os cientistas encontrem tratamentos cada vez mais eficazes, até a cura completa… É muito mais do que “apenas” dizer para crer em Deus.

Para ilustrar o que quis dizer, vou relatar um caso verídico.

Há alguns dias, no Facebook, uma moça com diabetes relatava em um grupo estar muito triste e sem esperanças, pois tinha medido a glicemia e o resultado foi acima de 400mg/dl. Dos quase cinquenta comentários na postagem, contei mais de trinta que diziam apenas para confiar em Deus, para orar… mas não encontrei NENHUM que orientava a procurar um serviço médico, por exemplo.

Será que a orientação correta também não seria uma intervenção divina, que poderia ter colocado um fim àquele sofrimento?

Bem, partindo do princípio de que cerca de 5,5 bilhões de pessoas no planeta acreditam em Deus, independente da religião, e que ele é o mesmo, independente de como o chamemos, Ele não fica controlando tudo, a todo momento. Se assim fosse, perderíamos o livre arbítrio, seríamos como marionetes. Da mesma forma, Ele realiza, então, suas obras, por meio de seus filhos: médicos para tratar da saúde, professores para ensinar ao próximo, agricultores para cultivar o alimento… É nessas obras que Ele aparece, de maneira indireta.

Ignorar essas “bênçãos indiretas”, por assim dizer, seria ignorar a Deus, da mesma forma. Isso faz com que a gente caia num erro de acreditar que Deus existe para cuidar dos nossos mínimos problemas, tal qual uma babá faria com um bebê. Além de ser egoísta de nossa parte, também é uma fé simplista.

Existe um caso real, nos Estados Unidos, que foi relatado no filme “A Promessa de Um Milagre”, de 1988 (em inglês, “Promised a Miracle”). Ele conta a história do casal que, seguindo cegamente as palavras de um pastor protestante da Califórnia, acreditou que o filho estivesse curado do diabetes, e jogou fora os frascos de insulina. O menino, apesar de toda a fé dos pais, não estava curado, e acabou falecendo. Os pais, então, foram processados, com acusações de maus-tratos e homicídio.

Não vou contar o final do filme – que vale a pena ser assistido! –, mas a conclusão à qual chegamos é simples: o milagre já foi anunciado, e chama-se tratamento médico. Deus já nos enviou o tratamento para que todas as pessoas com diabetes tenham uma vida normal.

Para terminar, reservo o uso do clichê: Deus não nos dá o peixe, mas nos dá a vara para que aprendamos a pescar. Ele não nos dá a cura ou o controle, facilmente, mas nos dá boa cabeça e meios para que consigamos o controle e, quem sabe, futuramente, a cura.

Um abraço, e até a próxima!

Com a colaboração do Seminarista Cauê Podenciano

ronaldo wieselberg perfil diabeticoolRonaldo José Pineda Wieselberg tem diabetes há mais de 20 anos. É estudante de Medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa (FCMSCSP), auxiliar de coordenação do Treinamento de Jovens Líderes em Diabetes da ADJ Diabetes Brasil e Jovem Líder em Diabetes pela Federação Internacional de Diabetes (IDF), com trabalhos sobre diabetes premiados e apresentados no Brasil e no exterior. Apesar de ter o mesmo nome de vários grandes jogadores de futebol, prefere o xadrez.
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6 Comentários

  1. Um bom exercício é usar a BIKE, ando todos os dias, está ajudando a controlar o diabete, mais faço uso de medicamentos tambéms

  2. Deus esta no controle de tudo!!! Ele nos ajuda a aceitar e a conviver com a doença. Se estamos fracos, tristes, abalados temos a força de Deus pra nos ajudar. Mas é claro que temos que procurar ajuda medica para termos bom controle, afinal, são pessoas instruídas para isso.

  3. Há uma semana me foi diagnosticado o diabetes, fiquei muito triste,pois sou uma pessoa ativa e cuido da alimentação,mas com , acredito que talvez seria questão de tempo até porque existe o histórico familiar.Estou no momento tentando digerir isso tudo e identificar as mudanças e sintomas em meu corpo,é estranho como tudo muda…Acredito que Deus age de diversas formas, uma delas é por meio da médicos, cientistas,pois os capacita para isso.Continuarei o tratamento seguindo as orientações e cada vez mais acreditando no poder de deus sobre tudo. O diabetes não é um castigo de Deus !

  4. Ronald DEUS nao tem nada a ver com as doenças e tambem nao ha religiosos nao praticantes isso e uma utopia ou desculpa .agora ha a biblia para sabermos o que Deus requer de cada um e quem acredita em DEUS e é um verdadeiro cristão e sabe q se seguimos as suas normas podemos ter a vida eterna na terra transformada num paraiso. QD SE FALA do Deus verdadeiro temos q o conhecer pois isso de religiosidade nao e nada.desculpa mas a verdade sobre DEUS e para ser dita. DEUS permite o sofrimento mas nao o causa essa permissao passa tbem para ver se lhe somos leais

  5. e para que saiba a carne de suino era proibida devido ser a
    causa de mta doencas se fosse mal cozinhada. tbem a higiene era muito importante nos tempos biblicos nao so havia a quarentena como o lavar o corpo na totalidade e por vezes ate a roupa ate os dejetos tinham de ser enterrados,consulte a biblia ou melhor tenha um estudo dela pois comtinua mt atual

  6. No jardim do edem há a cura para a diabete tipo 2, que é uma alimentação rica em alimentos naturais, rica em vegetais vivos, esses alimentos de baixo índice glicêmico controlam a glicose e a insulina, e portadores de diabete te tipo 2 são rápidamente beneficiados com essa dieta do edem, se as pessoas comerem esses alimentos e a carne de.animais limpos a glicose é controlada pois a glicose é reduzida e a insulina é reduzida, com isso a diabete some. Sem mágica, sem milagres, pois quem criou essa dieta foi Deus, e Deu dá a resposta contra a diabetes tipo 2, basta obedecer seus ensinos comendo alimentos vivos, crus e de baixo índice glicêmico.

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