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Médicos japoneses dizem não aos smartphones

Aplicativos médicos para celular – incluindo os de acompanhamento do diabetes – são rechaçados pela maioria dos doutores no Japão. Entenda o porquê.

O Japão é a terra da tecnologia – nenhum outro país ganha dele em porcentagem da população com acesso à banda larga no celular. A Terra do Sol Nascente é também um país de idosos, onde não é raro novos recordistas de longevidade serem encontrados. Uma população cada vez mais velha significa aumento gigantesco nos custos da saúde pública para o tratamento de doenças crônicas, como o diabetes. Por sinal, o país é o oitavo no ranking global do diabetes – estima-se que cerca de 19 milhões de pessoas, de um total de 126 milhões de habitantes, têm diabetes, em especial diabetes tipo 2. Como é que um país na vanguarda tecnológica, com um sistema de saúde de ponta e uma população cada vez mais experiente lida com métodos modernos de acompanhamento de doenças, como os aplicativos de monitoramento para celulares?

Não com bons olhos. Esta foi a conclusão de uma pesquisa publicada recentemente na revista científica Journal of Medical Internet Research. De acordo com os dados do trabalho, uma parcela ínfima dos médicos japoneses utiliza os aplicativos online de controle do diabetes. Os programas são vistos com alta desconfiança, especialmente pelos doutores mais velhos.

As taxas de penetração de celulares no Japão são algumas das mais altas em todo o mundo.

Foram entrevistados quase 500 médicos japoneses neste estudo. Apenas 0.8% deles afirmaram já ter usado aplicativos de monitoramento do diabetes. Vinte e seis porcento dos doutores estavam bem informados acerca das funcionalidades dos aplicativos, mas mesmo assim decidiram não utilizá-los. 73% dos entrevistados não se sentiam bem informados o suficiente para adotar os programas.

É interessante notar a alta porcentagem de médicos que disseram não ter informações suficientes sobre os aplicativos. Segundo a pesquisa, este é justamente o maior empecilho à utilização dos programas: os benefícios que eles podem trazer foram o item mais citado quando perguntados sobre o principal motivador para utilizar o monitoramento remoto do diabetes. Problemas com segurança e privacidade dos dados médicos mal passam pela cabeça dos japoneses, tendo sido muito pouco mencionados.

Médicos japoneses preferem métodos mais tradicionais de acompanhamento da saúde do paciente diabético.

A pesquisa é de alto impacto e interesse na área médica, uma vez que a grande maioria dos estudos similares foca na percepção dos pacientes sobre os aplicativos, e não na dos profissionais de saúde. A conclusão apresentada pelos pesquisadores é que, a fim de conquistar os doutores nipônicos, é fundamental que os aplicativos sejam da mais alta qualidade – e que os próprios médicos tenham a oportunidade de avaliar a funcionalidade e praticidade do sistema digital.

Apesar de menos de 1% dos médicos japoneses aproveitar a tecnologia para tratar o diabetes, seis hospitais no país já utilizam aplicativos para celular no monitoramento de pacientes que sofreram acidentes vasculares cerebrais (também conhecidos como “derrames cerebrais”). Os resultados de exames realizados nos hospitais são enviados ao smartphone do médico, já pré-equipado com funções diagnósticas. A consulta se dá via mensagens particulares através do Twitter.

 

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