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Estatinas – um perigo a mais para o diabetes

Entenda o que são estas substâncias químicas que aumentam os riscos de desenvolvimento do diabetes.

por Ricardo Schinaider de Aguiar, especial para o Diabeticool

Ao estudar remédios frequentemente utilizados para diminuir os níveis de colesterol no sangue, pesquisadores canadenses observaram que alguns deles podem aumentar o risco do desenvolvimento de diabetes. Os remédios analisados contêm substâncias chamadas de estatinas. Segundo os cientistas, pacientes que tomam remédios contendo estatinas mais potentes têm uma chance maior de desenvolver o diabetes quando comparados àqueles que tomam remédios contendo estatinas menos potentes.

A pesquisa analisou o histórico médico de mais de 1,5 milhão de idosos com mais de 66 anos de idade na cidade de Ontário, no Canadá. Os idosos selecionados iniciaram tratamento com estatinas entre os anos de 1997 e 2010 e foram acompanhados durante 5 anos. Dentre eles, mais de 470 mil não tinham risco de desenvolver diabetes quando iniciaram o tratamento. Ao final do estudo, três tipos de estatinas pareceram aumentar o risco do diabetes, enquanto outras duas não tiveram esse efeito.

As três estatinas que foram relacionadas ao diabetes são chamadas de atorvastatina, rosuvastatina e sinvastatina. Elas estão presentes nas marcas de remédios Lipitor, Crestor e Zocor, respectivamente. Por outro lado, as estatinas chamadas fluvastatina (presente nas marcas Lescol, Canef e Vastin) e lovastatina (presente na marca Mevacor) não aumentaram o risco de desenvolvimento de diabetes.

O cientistas Muhammad Mamdani coordenou parte dos estudos com as estatinas.
O cientistas Muhammad Mamdani coordenou parte dos estudos com as estatinas.

Os riscos não são enormes, mas há muitas pessoas tomando esses remédios que contém estatinas de alta potência”, diz Muhammad Mamdani, um dos pesquisadores envolvidos no estudo. “A atorvastatina, por exemplo, é de longe a estatina mais utilizada”.

Mamdani estima que para cada 1000 pacientes que tomam remédios contendo estatinas de alta potência, serão diagnosticados com diabetes entre 6 e 10 pessoas a mais do que quando comparado a pacientes que tomam remédios contendo estatinas menos potentes. Em outras palavras, seria possível a prevenção de 0,6% a 1% desses casos de diabetes se outra estatina fosse utilizada no tratamento.

É claro que, em muitos casos, os benefícios dos remédios superam os riscos de desenvolvimento de diabetes. “Se o paciente tem um LDL muito alto – o tipo perigoso de colesterol – então ele realmente pode precisar de remédios como Lipitor ou Crestor”, afirma Mamdani. Ele sugere, porém, a utilização de estatinas de menor potência quando possível. “Não acho que todos devam trocar a estatina que estão utilizando por uma de baixa potência, isso deve ser uma decisão do médico. Entretanto, eu diria que estatinas de baixa potência seriam suficientes para a grande maioria dos pacientes. Se você acha que é um desses pacientes, converse com seu médico”.

Para saber mais sobre esse estudo, acesse o artigo científico, em inglês, clicando aqui.

 

Ricardo Aguiar é formado em Ciências Biológicas pela Unicamp e atualmente faz o curso de “Especialização em Divulgação Científica” no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), também pela Unicamp.

 

2 Comentários

  1. Sou infartado. Qual a diferença entre a Atorvastatina, Sinvastatina, Rosuvastatina e a pravastatina?
    Existem diferenças? Quais?
    Aumantam a taxa da diabetes?

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