Home Ciência Causa do diabetes é o contrário do que pensamos, diz Nobel

Causa do diabetes é o contrário do que pensamos, diz Nobel

James Watson, ganhador do Nobel pela descoberta da dupla-hélice no DNA, lança polêmica nova teoria sobre as causas do diabetes tipo 2.

O cientista segura um modelo do que lhe deu fama: a estrutura do DNA.

James D. Watson é um dos cientistas mais famosos e controversos do nosso tempo. Ganhador do prêmio Nobel em 1962 por ter desvendado, junto ao colega Francis Crick, a estrutura tridimensional do DNA, Watson continuou trabalhando em projetos científicos de alta relevância desde a premiação. Além disso, sempre gostou de dar pitacos nos mais diversos assuntos relacionados à Ciência, não raro gerando enorme polêmica. Agora, aos 85 anos, o notório cientista lança um desafio à comunidade de pesquisadores médicos. Watson tem uma nova teoria sobre o que causa o diabetes tipo 2. E ela é literalmente o contrário do que acredita-se até então.

Que o diabetes é uma doença relacionada ao pâncreas, isso todo mundo sabe. Atualmente, há um enorme consenso dentre os pesquisadores de que inflamações no pâncreas causam danos às células produtoras de insulina, eventualmente matando-as. Com isto, há menos insulina no corpo e a glicemia dispara, caracterizando o diabetes.

Outra idéia que também é um consenso atual é a de que estas inflamações pancreáticas são causadas por moléculas conhecidas como oxidantes. A teoria é assim: muitos oxidantes dentro das células levam às inflamações, estas matam as células produtoras de insulina e isto, por sua vez, gera o diabetes tipo 2. Uma maneira de prevenir o diabetes, portanto, seria administrar ao paciente antioxidantes, moléculas capazes de conter a ação destrutiva dos oxidantes.

Mas Watson discorda. Segundo o nobélico cientista, não é um excesso de oxidantes que causa o diabetes tipo 2. É a falta de oxidantes que leva à doença.

A nova teoria foi publicada na edição deste mês do prestigiado periódico médico The Lancet, em uma carta escrita pelo cientista.

 

UMA ROUPAGEM NOVA ÀS VELHAS TEORIAS DO DIABETES

Watson conta que a idéia veio à mente quando ele se perguntou: “O que é que o exercício físico tem que traz tantos benefícios às pessoas que estão com a glicemia alta?”. Há muitos anos se sabe que praticar exercícios físicos é uma das maneiras mais eficazes de prevenir e tratar o diabetes tipo 2.

A resposta, para Watson, é que o exercício físico gera justamente as moléculas oxidantes, hoje em dia tão malquistas por quem estuda diabetes.

Watson argumenta que os oxidantes são necessários à formação correta das proteínas, ingredientes essenciais ao bom funcionamento do organismo. É por isso que fazer exercício físico faz bem. Gera-se mais oxidantes e, com isso, o funcionamento protéico melhora. Quando há poucos oxidantes (ou excesso de antioxidantes), as proteínas não se mantêm na forma adequada, não funcionam direito e isso é que provoca as inflamações precursoras do diabetes tipo 2.

Resta saber se a comunidade científica aceitará a nova teoria do prêmio Nobel. No artigo em que formula a hipótese, James Watson avisa: “Eu não sou médico e não posso dar conselhos sobre como as pessoas devem tratar o diabetes; eu estou [apenas] divulgando uma idéia nova sobre como o diabetes tipo 2 pode ocorrer. Também alerto para o fato de que praticamente todo médico que eu já conheci diz para os pacientes que se exercitem, se forem capazes. Eu acredito que exercícios físicos nos ajudam a produzir proteínas saudáveis e funcionais. Mas nós realmente temos que ter pesquisas de qualidade para provar isto”.

 

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