Home Ciência Células que produzem insulina são cultivadas em laboratório

Células que produzem insulina são cultivadas em laboratório

Cientistas já são capazes de transformar células-tronco em produtoras de insulina. Com isso, será possível em breve injetá-las no pâncreas de diabéticos, atacando a doença pela raiz.

O grande problema de boa parte dos diabéticos, em especial quem possui o tipo 1 da doença, é que seu pâncreas não produz uma quantidade adequada de insulina. Com isto, o açúcar dos alimentos que ingerimos se acumula no sangue e não consegue ser transportado às células do corpo, caracterizando o diabetes. Esta menor produção de insulina pelo pâncreas deve-se à destruição das células beta, as responsáveis por gerar o hormônio. Que bom seria se pudéssemos substituir as célula beta faltantes por outras funcionais…

Este sonho é o objetivo há muitos anos de uma gama de cientistas e pesquisadores do diabetes em todo o mundo. A fim de “repopular” o pâncreas com células beta, o primeiro alvo que vêm à cabeça dos cientistas são as células-tronco. Estas células, indiferenciadas, retêm a capacidade de se transformar em vários tipos celulares específicos. Porém, para que esta transformação ocorra, são necessários certos “estímulos” químicos adequados. Até agora, ninguém havia conseguido identificar quais estímulos seriam estes que induziriam a mudança de células-tronco para células beta.

O rumo das pesquisas foi mudado este mês – e para a melhor. Pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, afirmaram que conseguiram descobrir o segredo para modificar células-tronco em produtoras de insulina. Mais do que isto, avisaram ainda que conseguiram “cultivar” com sucesso estas células em laboratório, o que pode, no futuro, se transformar em uma fonte abundante de células beta para serem injetadas em pâncreas de diabéticos.

Campus da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, onde a impactante pesquisa foi conduzida.

Os cientistas perceberam que uma molécula chamada de actina induzia células-tronco a se transformarem em células do fígado. Porém, quando a ação da actina era bloqueada, as células-tronco davam origem a células pancreáticas – entre elas, as células beta. Desta forma, o mistério da conversão foi finalmente revelado.

Os próximos passos da pesquisa envolverão estudos com modelos animais sobre a eficácia da implantação destas novas células beta nos pâncreas danificados pelo diabetes. Caso os resultados sejam animadores, no futuro próximo esta descoberta poderá dar origem a novos e seguros tratamentos contra a condição.

“Este estudo nos fornece maiores detalhes quanto aos processos moleculares específicos que são a base da modificação das células-tronco em células pancreáticas progenitoras,” afirmou Maebh Kelly, da ONG britânica Juvenile Diabetes Research Foundation. “Trabalhos como este são importantes, uma vez que nós teremos que entender muito mais sobre como células-tronco se desenvolvem antes que possamos utilizá-las em estudos clínicos.”

O USO DE CÉLULAS-TRONCO NAS PESQUISAS SOBRE O DIABETES: desde que foram descobertas, as células-tronco são uma das grandes promessas da Ciência para o desenvolvimento de novas terapias. Devido à capacidade de se transformarem em diversos tipos celulares específicos, elas poderiam ser utilizadas na regeneração de tecidos ou em doenças autoimunes, por exemplo, como é o caso do diabetes tipo 1. Lembramos aos leitores o artigo “Brasileiros tratam diabetes tipo 1 com células-tronco“, publicado no último mês, no qual descrevemos a pesquisa pioneira do brasileiro Carlos Couri no uso destas células para o tratamento do diabetes. Apesar da “matéria-prima” do tratamento ser a mesma, a estratégia utilizada pelo dr. Couri é bem diferente daquele descrita acima.

 

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